Um dia desses encontrei um amigo, que não via faz um bom tempo. Ele acompanha o que eu publico, mas os temas de educação que me ocuparam recentemente lhe interessam apenas lateralmente. A gente se conheceu no campo da filosofia da linguagem e do direito, nos anos 1980, quando Luis Alberto Warat chegou a Santa Maria, junto com Rosa Maria Cardoso da Cunha, para uma temporada docente. Naquela época estudávamos filosofia da linguagem e semiótica aplicada ao direito, fazíamos o que podíamos com a bibliografia disponível. Contei para ele que voltei a esses temas, com o plano de fazer um livro de introdução à filosofia da linguagem, com uma conexão com antropologia filosófica. Ele, na maior bondade, já queria saber a data de publicação do livro.
1.
Não contei para ele que o projeto tem como título “o animal digiana”. Ia ficar meio esquisito largar essa palavra, “digiana”, no meio de uma conversa de calçada. Toma tempo explicar uma palavra que não existe nos dicionários, é fácil dar a impressão que estamos variando um pouco.
2.
Comecei esse projeto uns sete anos atrás, mas já houve três interrupções. Na primeira delas eu escrevi o Quando ninguém educa - questionando Paulo Freire” (Editora Contexto, SP, 2017). Eu queria ajudar na discussão sobre a base curricular nacional. Havia uma resistência à base curricular que eu queria questionar. Paulo Freire entrou como um tema lateral, na conversa sobre as mudanças na cultura pedagógica brasileira nas últimas décadas.
3.
Na segunda interrupção eu escrevi o Escola Partida - Ética e política na sala de aula (Editora Contexto, 2020). Eu queria participar dos debates sobre o movimento “Escola sem Partido”. O livro saiu bem no começo da pandemia e o assunto morreu aos poucos. Nem mais escola houve, por quase dois anos.
4.
A terceira interrupção foi provocada por um convite da minha editora. Eles me propuseram escrever um livro sobre filosofia da educação, destinado a cursos de formação de professores e a interessados no tema. Foi essa a origem do Filosofia da Educação (Editora Contexto, SP, 2022). O livro vai indo bem, obrigado.
5.
Depois disso escrevi mais alguns textos curtos, entre eles um verbete sobre educação, para um livro que deveria sair aqui no Brasil este ano. O texto complementa alguns temas do “Filosofia da Educação”. Parece que o livro não vai mais ser publicado. Assim, chegou a hora de retomar de vez o projeto de 2015. Essa newsletter tem como objetivo falar um pouco sobre a coisa.